17 de agosto de 2016

.Eu sinto.

Abri o Lr (meu programa de edição) decidida que hoje teria um post novo no blog com fotos de 2014, fotos que vem me chamando há um tempo e que ignoro.

Vivo entre picos, e acho que funciono assim mesmo, estou em um processo de aceitar que funciono dessa forma ao invés de lutar contra isso e me forçar a ser uma pessoa disciplinada. Vivo o que chamo carinhosamente de "paranóia da produtividade". Edito feito louca, sento na cadeira por horas e só saio quando termino, praticamente sem pausa, sem respiro. E termino. 
Mas quando passo muitos dias assim nessa onda, preciso fugir. Desvio, troco de rota, e por mais que eu tenha uma to do list gigante, ignoro. E na maioria das vezes quando sinto essa explosão de foda-se (desculpa o palavrão), logo em seguida vem a sensação de culpa. E depois, a paranóia da produtividade. Mas que bobeira carregar essa culpa, é melhor aprender a surfar do que tentar nadar contra a correnteza.

Hoje parte do dia será dessa minha fuga. Parando para pensar agora, acho melhor chamar a fuga de retorno.
Nessas horas o que posso fazer de mais produtivo é mergulhar e escutar esses pequenos chamados e simplesmente ir, sem saber muito bem para onde (assim como faço agora). É o chamado para retornar ao que foi algum dia ignorado.

Então abri o Lr, decidida que hoje teria um post novo no blog. As primas na praia. O mar, a água. O tempo que eu não tinha medo de entrar no mar com a câmera. 
Mas na hora que abri o programa eu vi essa foto.

Martina, 1 ano e 1 mês. Abril de 2014.


A barriga, a mão, a pequenês, a recém descoberta que se pode andar, a Sara com seu vestido favorito, a bagunça de casa. Hoje tento decifrar cada pedaço de coisa espalhada pelo chão para me contar a história desse dia. Como era a vida nessa época?
Paro, imagino, sorrio. Pego esse sentimento no colo com o mesmo carinho que pegava a Martina com seu um ano de pequenês.

Depois que esse turbilhão de acalanto passou, vi com tristeza que essa foi uma foto que carreguei na hora o peso do "deveria". 
"Deveria ter enquadrado um pouquinho para baixo para não cortar o pé". E assim, essa foto que AMO entrou para o mar do esquecimento e acabou perdida no hd.

Quantas fotos, lembranças, momentos, memórias, rejeitamos porque abraçamos uma idéia idiota de que "deveríamos"?
Eu amo essa foto do jeito que ela é, amo a história que tem por trás dessa foto! Eu ainda sinto nela o que me motivou fotografar essa cena. Lembro vividamente o que me motivou a pegar a câmera e a fotografar.

É exatamente essa sensação que gostaria muito de sentir a todo momento que fotografo.

Ela vem e vai, e é sempre abençoada quando vem. É uma sensação de conexão, de percepção absoluta, de estar presente.

E como que posso negar tudo isso porque "eu deveria"?


Essa "imperfeição", o descuido do enquadramento, é apenas um retrato que eu senti. Senti tanto a ponto de não importar com o que menos importa - o enquadramento quadrado e perfeitinho, o fotograficamente correto, o disciplinado, o esperado, o milimetricamente pensado, o raciocinado.


Talvez seja hora de também aprender a aceitar os meus enquadramentos "errados".
Talvez eles venham junto no pacote da intensidade rsrs.
Acho que é hora de aceitar que mais importante do que "eu deveria" (e de tentar ter o controle!) é agradecer e perceber que o que sinto é tão intenso - e suficiente - que não é necessário pensar.
Por mais imperfeito que seja, eu sinto. E no fundo nada mais importa.


2 comentários:

  1. Você está fazendo posts pra mim, é? hahahahaha
    Que bom que você "fugiu" e está aprendendo a surfar. Que lindo ver o desapego do "deveria" nos brindando com uma foto linda, cheia de sentimento e história. :)
    Beijão

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    Respostas
    1. Essas "obrigações" malandrinhas que inventamos e nos limitam não estão com nada, não é?
      As vezes o melhor é ir boiando à deriva...
      Sempre bom ver vc aqui :) Estou precisando para um pouco com um bom café e inspiração para te responder, um dia o telegrama chega rsrs
      Bjim bjim

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