22 de julho de 2016

Sobre o bloqueio e a liberdade

Será que é como andar de bicicleta?
Estou tão sumida daqui que nem sei mais se consigo fazer um post. Quem sabe esse ajuda a desbloquear.

Parece que de uns tempos para cá as palavras foram tirar férias e se esqueceram de me levar junto. Danadas! 
Muito trabalho, não posso reclamar! A eterna dúvida do que trazer aqui primeiro. Realmente queria conseguir parar o tempo para colocar o blog em dia. E quando paro me vejo escondendo as desculpas entre os bolsos, o tal do "depois", "amanhã vou postar", ou pior, "semana que vem".
Os dias passam tão rápido e os finais de semana se emendam e tenho a sensação que o natal já é mês que vem. Quanto mais entro na paranóia da produtividade mais eu travo e ando em círculos. Começo-termino-entrego-começo-termino-entrego.... 

PÁRA!

Isso que falei acima é uma meia verdade disfarçada. É mais uma desculpa que tirei da manga para esconder outras. A verdade é que postar, divulgar, gritar para o muno "ei, olhe para mim!" muitas vezes me enjoa, vira uma obrigação, uma luta, e perde a graça. Estou postando para quê? Estou postando para quem? Quem é você que está lendo isso? Quem é você que lê e que finge que não lê? Quem é você que lê e que ressoa com isso que estou falando mas que tem vergonha de gritar também? Quem é você que quer comentar e fica quieto? Fala comigo! Grita também!!
Me perco nos meus questionamentos ou melhor, prefiro não me perder neles, opto por cair no fluxo de editar e entregar sem fim. O verdadeiro propósito de postar - de compartilhar, de se expressar  - se perdeu, para quê continuar?
O silêncio, a ausência também são libertadores!
Ausência da internet hoje em dia, do facebook,  o que é isso??!!
Mas daí você se cala, se afasta, respira.... e vem a culpa e entra no jogo: você tem que postar, você tem que se divulgar, você tem que conseguir clientes, você tem que se vender, você tem, você tem, você tem.

Você tem que nada!

Junto com essa máquina de produção cresce um vazio que me consome, as perguntas que não quero olhar, as obrigações, o prestar contas. Vou enrijecendo, vou envelhecendo.
Para me enganar de tudo isso que acontece, perco tempo com besteiras que me fazem me perder de mim mesma, olho para os lados e não para dentro. E não quero assumir que faço isso, afinal, que feio né? Que fraqueza! Como posso assumir ao mundo que sou humana?
Então vou postar coisas bonitas. Que incrível! Que fácil é se esconder! Eu me escondo atrás da minha fotografia! Ou será que ela é um reflexo da paz que não vivo mas que quero alcançar?

Mas quer saber? Por que as pessoas não falam sobre isso? Por que não olham para seus vazios? Não expõem?
Medo?
Pois estou cansada de ter medo e consequentemente buscar ser igual a todo mundo, buscar mostrar uma casca que não é minha, me conter para não me manchar, e no fim acabar por seguir os passos que não são meus. Tenho medo de publicar isso e mostrar quem sou, o que penso - de verdade! Provavelmente vou me arrepender de postar isso, vou parecer uma louca, que vergonha, o que vão achar.... vão julgar, sempre julgam, ninguém sai impune.
Então sou louca!!
É por esse motivo que mudei de nome - para mudar - para renascer e recriar - para começar de novo de um jeito diferente que ainda não sei qual é - para marcar como uma tatuagem a vontade de mudança que eu tanto reprimo!
Cansei de fazer o que é esperado. Acho que essa Zanarotti é uma maluca mesmo, e que maluca seja!!
Pronto! As palavras voltaram de férias! Que saudades de vocês!

Tanto falo sobre ser criança, sobre a infância, o espontâneo, aahhh o espontâneo. É a parte que falta EM TODOS!
E quando as pessoas conseguem alcançar o espontâneo em si, quando conseguem se soltar, é realmente libertador!!
É lindo!! É a beleza que trasborda porque vem do fundo da alma!

Quando foi que nós todos nos esquecemos de brincar? Quando foi que começamos a levar a vida tão a sério?
A nos levar tão a sério?

Tem horas que tudo que quero é não fazer sentido. É me libertar de quem sou, da foto que faço, dos meus conceitos pré definidos, do que acho que é correto e aceito, de escrever os textos rasos que escrevo. Me libertar de quem eu acho que eu devo ser, do que acho que devo falar ou postar. De me impor um comportamento porque não será aceito, os amiguinhos se comportam portanto tenho que seguir o rebanho.

cansei-de-tentar-fazer-sentido

E precisa? Quem disse que precisa? Quando foi mesmo que comecei a acreditar nisso?
Que loucura tudo isso!

Surge aquela vozinha baixa, um sussurro que impulsiona e vira grito.
Você já sentiu algo similar em algum momento, eu sei que já sentiu. Quando foi? Você se lembra dessa sensação?

Se lembra do momento em que começou a acreditar que não, não era impossível, que era apenas limitação da sua cabeça? De fato você é capaz de se equilibrar em duas rodas e aprender a flutuar entre o ar e o chão - é possível sim!
Eu sei que você já sentiu isso em muitos outros momentos da sua vida, várias vezes! E por que você foge disso?
Quando foi a última vez que você sentiu a vida acontecer?
Por favor não me fale que você não se lembra, meu coração se parte só de cogitar.

Eu sei que pareço uma louca, ainda bem hahaha
Quero mergulhar nesse espaço - e de lá não saber o que esperar. 
Quero ser que nem as minhas palavras que fogem de mim sem me levar junto.
Quero chutar para bem longe os meus bloqueios, as minhas vergonhas, o politicamente correto, a minha imagem como se fosse algo absolutamente precioso que preciso manter intacto e escondido.
Quero ser criança e ter a liberdade de me construir da forma que eu quiser, desmontar como uma torre de blocos e rir, e depois construir tudo novamente.
Hoje sou isso, amanhã provavelmente serei um pouco disso e outra coisa. Ou não! O que importa?
Talvez amanhã eu volte "ao meu normal" - e que triste será se eu me conformar a ser somente isso.


Quero pedalar por pedalar. E sentir o vento.


A vida puxa, a vida exige, a gente se exige.
E até que ponto vale a pena viver desse jeito insano que a gente julga ser "o correto"? Existe tal coisa?
Se não posso falar sobre tudo isso, qual é o propósito de postar qualquer outra coisa?

Às vezes tudo que preciso é de um pouquinho de honestidade consigo, por mais louco que você se mostre para o mundo.

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Juju meu amor, obrigada por querer aprender a andar de bicicleta em uma hora tão inusitada!
30 de dezembro de 2015, 22:06
















"All work and no play makes Jack a dull boy"